Escrever como você não é o mesmo que escrever para você ou sobre você.
Em várias fases da vida, a gente passa muito tempo escrevendo para agradar os outros.
A professora de português, os revisores da redação do vestibular/enem, os membros da banca de avaliação do trabalho de conclusão da faculdade, a chefe. Internalizamos os elogios e críticas dessas pessoas e isso molda a forma como escrevemos.
Não é a toa que quando a gente cria projetos pessoais ou profissionais, nosso primeiro impulso é querer agradar quem decide nos acompanhar.
Será que vão gostar dos meus textos? Será que vão me julgar? Será que vão me aprovar?
Muitas vezes a gente percebe que está escrevendo para agradar os outros e acaba indo para o outro extremo. Começamos a escrever para inflar nosso ego.
Escrevemos textos que fazem sentido para nós e passamos para os leitores a responsabilidade de reconhecer o valor e relevância do que estamos dizendo. Transmitimos nossa mensagem. Se não nos entendem, o problema não é nosso. É falta de sensibilidade ou inteligência dos outros.
Se você quer criar textos que geram conexão com outras pessoas, precisa entender que escrever PARA você ou SOBRE você não é o mesmo que escrever COMO você.
O que você tem de mais valioso e original é sua percepção da realidade, a forma única e particular (ainda que limitada e parcial) como você filtra e interpreta o mundo a partir das suas experiências e referências.
Escrever como você é revelar a rede de conexões que você fez para dar sentido e reconhecer o valor de certas ideias.
É revelar sua interpretação do mundo externo que reflete seu mundo interno.
É compartilhar as suas teorias sobre porque pensamos o que pensamos, sentimos o que sentimos e agimos como agimos em certas circunstâncias.
Isso vai muito além do compartilhar informações e repassar conhecimento. Isso é escrever de dentro para fora. Isso é escrever com o desejo sincero de iluminar dentro dos leitores uma ideia que você iluminou dentro de si mesma(o).